Governo Federal inclui unidade da Mata Atlântica entre Rio e SP no PND; união quer melhorar prestação dos serviços públicos de apoio à visitação, conservação, proteção e gestão do parque
O Governo Federal incluiu nesta quarta-feira, dia 14, o Parque Nacional da Serra da Bocaina, localizado na divisa entre os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, na região Sudeste do Brasil, no Programa Nacional de Desestatização (PND). Com isso, a unidade, criada em 1971, numa área de 134 mil hectares e uma expressiva biodiversidade, passará a ser administrada pela iniciativa privada.
A Secretaria Especial do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), do Ministério da Economia, destacou que se trata de projeto de concessão, isto é, os patrimônios continuam sendo da União. “O objetivo é aprimorar e diversificar os serviços ofertados nas unidades, garantindo o aproveitamento sustentável das potencialidades econômicas existentes, além de agregar maior eficiência na gestão e na conservação da biodiversidade, aliada à geração de emprego e renda para a população local”, informou, em comunicado. Outras 8 unidades de conservação são a Floresta Nacional de Brasília (DF) e os parques nacionais da Serra dos Órgãos (RJ), da Chapada dos Guimarães (MT), de Ubajara (CE), da Serra da Capivara (PI), da Serra da Bodoquena (MS), do Jaú (AM) e de Anavilhanas (AM).
A qualificação no âmbito do PPI serve para confirmar o caráter estratégico dos empreendimentos para o governo federal. Assim, será dado tratamento prioritário aos projetos de concessão. O processo contará, na sequência, com estudos de avaliação da viabilidade técnica, econômica, financeira e ambiental, levando em consideração todas as especificidades e Planos de Manejo das unidades de conservação. Após a conclusão dos estudos, o projeto será submetido à consulta e audiência pública e passará também por avaliação prévia do TCU.
Serra da Bocaina tem umas das maiores biodiversidades do planeta
Com sede na cidade de São José do Barreiro, no Estado de São Paulo, o parque é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Estudos recentes apontaram que a região da Serra da Bocaina possui uma das maiores e mais preservadas biodiversidades do planeta. Em determinadas microregiões, como a área do Instituto Estadual de Florestas de São Paulo (IEF), onde fica localizada a Cacheira da Sete Quedas, superior até mesmo que a Floresta Amazônica, em fauna e flora. Entre a fauna do parque destacam-se a onça-pintada, suçuarana, preguiça-de-coleira, sagui-da-serra-escuro, e inúmeras espécies de aves. O parque oferece uma ampla gama de atrações turísticas naturais, tais como a Cachoeira Santo Isidro, a Cachoeira das Posses e mais no interior do parque, a Cachoeira dos Veados. A entrada do parque marca também o início do trecho final da Trilha do Ouro, com uma extensão de aproximadamente 73 quilômetros, e que termina na praia de Mambucaba, em Angra dos Reis. O seu ponto mais elevado é o Pico do Tira o Chapéu, que alcança 2 088 metros acima do nível do mar, um dos pontos mais altos do Estado de São Paulo.
Estado | Rio de Janeiro São Paulo |
Mesorregiões | Vale do Paraíba Paulista Sul Fluminense |
Microrregiões | Bananal Baía da Ilha Grande |
Municípios | Paraty, Angra dos Reis, São José do Barreiro, Ubatuba, Cunha, Areias |
Fauna
Andorinhão-do-temporal – observação de aves (Bird watching), uma de muitas atividades que podem ser desfrutadas pelos visitantes do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Das 156 espécies de mamíferos não voadores com distribuição para a Mata Atlântica listadas por Fonseca et al. (1996), existem no PNSB 40 espécies, sendo que 25% delas estão ameaçadas de extinção. Cinco espécies são endêmicas da Mata Atlântica: ouriço-cacheiro (Sphiggurus villosus), sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), bugio (Alouatta fusca), macaco-prego (Cebus apella nigritus) e mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides). O mono-carvoeiro, considerado o maior primata da América, ainda é procurado por caçadores nas áreas em torno do Parque e é muito sensível a alterações do habitat. As florestas situadas em todo o gradiente altitudinal da Serra da Bocaina favorecem a concentração da grande maioria das espécies de mamíferos, como a lontra (Lontra longicaudis), o cateto (Pecari tajacu), queixada (Tayassu pecari), a anta (Tapirus terrestris), os felinos como a jaguatirica (Leopardus pardalis) e a onça-parda (Puma concolor). O mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides), espécie de mamífero mais exigente em termos de estrutura de habitat, é encontrado dentro do PNSB em áreas de grotões de mata de difícil acesso, ainda em bom estágio de preservação. Outra espécie de primata, o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), também ameaçada de extinção, está presente em áreas de mata secundária em diversos estádios de sucessão. Espécies mais tolerantes a áreas abertas, como o furão (Galictis vittata), o veado-mateiro (Mazama americana) e o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), podem ser encontrados nas bordas de mata. A onça-parda (Puma concolor) possui uma grande área de vida e se desloca desde os diversos ambientes florestais até pastagens e Campos de Altitude. A presença desta espécie demonstra a importância da preservação das áreas de mata situadas dentro e fora dos limites do Parque.
Quase 300 aves registradas no Parque Nacional
Cerca de 294 espécies de aves foram registrados no parque, aliado à extensão e ao estado de preservação deste, são condições ideais para a atividade de observação de aves. Dentre as espécies de pássaros mais comuns destacam-se o murucututu-de-barriga-amarela, o andorinhão-do-temporal, a maria preta de bico azulado.
Flora
Estima-se que 60% da vegetação seja composta por mata nativa (mata atlântica), e que o restante seja mata regenerada (secundária) há mais de 30 anos. Entre as espécies da flora destacam-se os araucárias, cedros, embaúbas, palmitos e bromélias. Na região estão identificados três tipos de formações vegetacionais: floresta ombrófila densa, vegetação dominante; floresta ombrófila mista aonde são destaques o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifólia) e o pinheirinho-bravo (Podocarpus lambertii), e os campos de altitude. Uma das espécies presentes na Floresta ombrófila densa é o palmito (Euterpe edulis), anteriormente freqüente, mas hoje considerado uma espécie rara e ameaçada de extinção devido ao extrativismo ilegal. Na Floresta ombrófila densa submontana destaca-se o xaxim (Dicksonia sellowiana), também raro e ameaçado de extinção devido ao extrativismo ilegal para confecção de vasos para plantas.
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