Polícia Militar rebate dados do Relatório Anual 2021 do Instituto Fogo Cruzado e diz que números oficiais de segurança pública são do ISP
A Secretaria de Estado de Polícia Militar e o Comando Geral da PM rebateram nesta quarta-feira, dia 12, os dados do Relatório Anual 2021 do Instituto Fogo Cruzado, publicado na página da plataforma criada para registrar a ocorrência de tiroteios e de violência armada. Em 2021, segundo dados do relatório, houve 4.653 tiroteios na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com uma média de 13 por dia. As ações policiais resultaram em 2.098 pessoas baleadas, sendo 1.084 mortas e 1.014 feridas, que representam cinco baleados a cada 24 horas. No mesmo ano, 17 crianças e 43 adolescentes foram baleados na Região Metropolitana.
A PM informou que as ações realizadas pela corporação estão rigorosamente de acordo com o que determina a ADPF 635 do STF. De acordo com a secretaria, ao longo de 2021, somente a Polícia Militar do Rio de Janeiro apreendeu 6.278 armas de fogo, sendo 288 fuzis, além de ter efetuado 33.052 prisões e 3.999 apreensões de adolescentes.
“Transparentes e protegidas pela legislação em vigor, as operações são precedidas de informações do setor de inteligência da Corporação e de órgãos oficiais, sendo executadas com base em protocolos técnicos com foco central na preservação de vidas – da população local e de policiais militares envolvidos na ação. Além de ser comunicado previamente, o Ministério Público estadual recebe relatórios sobre os resultados das operações, como pode acompanhá-las em tempo real por meio de um aplicativo desenvolvido com essa finalidade”, disse. Ainda conforme a secretaria, a atuação da Polícia Militar tem contribuído “de forma significativa para redução expressiva e contínua dos indicadores criminais mais impactantes, tanto de crimes contra a vida como crimes contra o patrimônio”.
A secretaria destacou que o órgão responsável pela divulgação oficial dos índices da segurança pública no estado do Rio de Janeiro é o Instituto de Segurança Pública (ISP).
O instituto Fogo Cruzado destacou que esses casos ocorreram mesmo com a vigência, desde junho de 2020, da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, movida pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), determinando que as operações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro só devessem ocorrer em ocasiões excepcionais e precisam ser comunicadas ao Ministério Público do estado.
Dos 181 agentes de segurança baleados, 82 morreram
O Relatório 2021 do Instituto Fogo Cruzado apontou ainda que 181 agentes de segurança foram baleados no Grande Rio em 2021. Entre as vítimas, 82 morreram. A categoria mais afetada pela violência armada foi a de policiais militares, representando 77% do total de baleados. Se comparado a 2020, houve aumento de 52% entre os mortos e de 13% entre os feridos. Naquele ano, 142 agentes de segurança foram baleados, sendo 54 mortos e 88 feridos.
Cecília Olliveira cobrou a divulgação do plano de segurança do Rio de Janeiro, que, segundo ela, não consta em lugar algum. “Isso dificulta que jornalistas, pesquisadores e gestores públicos cobrem medidas que poupam a vida dos agentes de segurança pública, já que não temos sequer um plano de segurança para nos basear”, disse.
Instituto
O Instituto Fogo Cruzado usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, como forma de fortalecer a democracia por meio da transformação social e da preservação da vida. “O laboratório de dados da instituição produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e, em breve, em mais cidades brasileiras. Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto”, relatou.