Eles disseram ser delegados ligados ao Ministério da Justiça para tentar retirar cópias de documentos de licitações e informações sobre processos
Agentes da 90ª DP prenderam, em flagrante, dois homens na manhã desta terça-feira, dia 9, na prefeitura de Barra Mansa, no Sul do Estado do Rio. Eles se apresentaram como delegados para retirar documentos no setor de Licitações da Secretaria de Administração. A dupla disse aos servidores de Barra Mansa que estava no prédio para fiscalizar licitações públicas. De terno preto e distintivo vermelho com brasão da república escrito delegado, a dupla pediu para ver processos de licitação referentes a contratação de uma empresa de Call Center e, outra, de mesa de PABX. Eles disseram que queriam ver o processo do “Ano Bom”, afirmando que havia sido pago R$ 2 milhões. Fato desmentido pela funcionária do setor, pois a obra não havia sido iniciada.
Os dois chegaram a fotografar páginas de processos e ainda entregaram um pen drive para armazenar os arquivos, o que não ocorreu.
Uma funcionária do setor suspeitou do caso e acionou o Secretário de Administração. Na sala do secretário, a dupla afirmou que havia irregularidades em dois processos e que eles não estariam no Portal da Transparência. O secretário negou, entrou no portal e comprovou que os procedimentos estavam no site. No entanto, foi justamente uma falha grosseira da dupla que chamou de vez a atenção do secretário. Eles falaram que a Lei de Licitações era n° 7666, sendo que o correto é n° 8666. O secretário perguntou de qual órgão eles seriam delegados e afirmaram serem ligados ao Ministério da Justiça e que estariam no prédio para fiscalizar processos.
Rapidamente, o secretário de Administração, Gabriel Resende, fez contato com o delegado de Barra Mansa, Michel Floroschk e uma equipe da 90ª DP se deslocou para a prefeitura. A dupla já estava de saída, quando foi abordada pelos policiais civis no portão principal da prefeitura.
“Eles chegaram portando distintivos, com inscrição de delegado e brasão da República, e solicitaram quatro processos. Nós iniciamos uma conversa e informamos que os dados que eles estavam solicitando estavam disponíveis no Portal da Transparência. Eles insistiram e pediram para fotografar os documentos e nos entregaram um pen drive para que fosse passado a eles as informações digitalizadas. Todos podem ter acesso às ações que desempenhamos. O Portal da Transparência tem todas as informações, mas em caso de dúvidas sobre qualquer ato nós estamos disponíveis para esclarecer, não temos nada a esconder. Porém a atitude deles nos chamou a atenção”, disse Gabriel Resende.
Ainda segundo o secretário, além de afirmarem que havia irregularidades em processos, os homens citaram uma lei que não se encaixa em ações licitatórias. “Nós estranhamos muito a atitude deles, dizendo que queriam os documentos digitalizados para estudá-los e em caso de encontrar alguma inconsistência, abrir um processo. Já desconfiando da ação, o procurador-geral do município, Dr. César Catapreta, fez uma série de questionamentos sobre a função, cargo e a fiscalização no município, momento em que a dupla começou a se enrolar nas respostas, citando uma série de leis equivocadas”, explicou o secretário.
Eles usavam uma Captiva preta. Durante a abordagem, os dois não conseguiram responder os questionamentos dos policiais civis sobre a origem do distintivo, o brasão da República e porque estariam na Prefeitura de Barra Mansa, se passando por delegados, em busca de documentos e informações. Uma pistola de air soft foi encontrada no assoalho do carro. A arma estava sem o pino laranja, que é de uso obrigatório para este tipo de equipamento.
Eles disseram que eram delegados do Confep (Conselho Federal Parlamentar), o que acabou não convencendo os policiais.
De acordo com o delegado de Barra Mansa, Michel Floroschk, os dois tentaram aplicar um golpe, extorquir funcionários da prefeitura de Barra Mansa e se passar por falsas autoridades policiais. “Onde já se viu, ir em uma prefeitura, se passar por delegado, pedir documentos de licitações e tentar extorquir servidores ? Vão ficar presos”, ressaltou Michel. Os dois homens seriam da cidade de Volta Redonda.