Segundo depoimento da própria mãe, K. V. sofreu golpes de socos, chutes, pisadas, pauladas, foi arremessada na parede e, pasmem, foi lançada de um barranco de aproximadamente 7 metros de altura
Crueldade, covardia, insanidade, demência, barbárie. Não faltam adjetivos para classificar o crime descoberto nesta segunda-feira, dia 19, na pacata cidade de Porto Real, no Sul do Estado do Rio. A fatídica Rua 11, no bairro Jardim das Acácias, foi cenário de um dos mais cruéis e covardes crimes já vistos na região Sul do Estado do Rio de Janeiro. Uma criança de 6 anos, uma menina que está tendo o nome preservado, foi cruelmente torturada durante quatro dias, conforme aponta investigação da Polícia Civil, da PM e do Conselho Tutelar. No final da noite deste segunda-feira, a reportagem da Folha do Interior teve acesso a informações exclusivas do caso, já noticiado no início da tarde em nosso site e redes sociais.
A menina K. V, ainda permanece internada em estado grave no Hospital Municipal São Francisco de Assis, em Porto Real com risco de morte. Ela foi socorrida na madrugada de segunda para domingo por uma equipe do SAMU, que em seguida comunicou a Guarda Municipal e a PM de Porto Real. A mãe acionou o SAMU com medo de a criança morrer.
Segundo a polícia, a suspeita dos crimes é Brenda Luane Barbosa Nunes, de 25 anos. Ela seria namorada de Gilmara Oliveira de Farias, de 28 anos, que é mãe da criança e também suspeita. Indagada sobre o ocorrido com a filha, ela revelou que Brenda estava desde sexta-feira, dia 16, torturando a menina com socos, chutes, pisadas, pauladas. Segundo a mãe, sua filha foi arremessada na parede e lançada de um barranco de aproximadamente 7 metros de altura. Segundo a investigação, o motivo das agressões foi um leite derramado pelo menina no chão da casa.
A mãe da criança e sua namorada foram autuadas pelo crime de tortura, com base da Lei da Tortura, mais grave que o de lesão corporal. O caso está sendo conduzido pelo delegado Marcelo Nunes Ribeiro, da 100ª Delegacia de Polícia de Porto Real.
Na cidade de Porto Real, com pouco mais de de 19 mil habitantes, um clima de revolta se instalou. “O espancamento da criança foi coisa desumana. No bairro Jardim das Acácias, vizinhos estão em estado de choque. A revolta é generalizada. Até nossos policiais se emocionaram e ficaram chocados. A ocorrência é bem delicada”, disse o comandante do 37º BPM, coronel Perry Souza Azeredo.
Agressora tentou fugir da PM e suposta vó disse que não sabia das agressões
No Hospital, quando os policiais indagaram Rosângela (mãe de Brenda) quanto ao corrido, ela teria informado que, apesar de morar na mesma casa, não sabia dizer o que teria acontecido com a criança. Com chegada da assistente social (Conselho Tutelar) ao hospital, Gilmara foi questionada reservadamente. “Foi quando Gilmara mesmo informou que Brenda, sua companheira, deu socos, chutes, pisadas, pauladas, arremessou a criança na parede e depois a jogou de um barranco de aproximadamente 7 metros de altura e que estas agressões se davam desde sexta-feira”, revela um trecho do documento no qual o Folha do Interior teve acesso.
A chegada da PM na Rua 11 foi determinante para a solução do caso. Do hospital, a PM, juntamente com Guarda Municipal, se deslocou para a Rua Onze no bairro Jardim das Acácias, residência de Brenda, para conduzi-la a DP. Com a chegada das viaturas, Brenda tentou fugir do local pelos fundos da casa, mas foi detida.
A mãe de Brenda, Rosangela Nunes, de 50 anos, também foi autuada e deverá ser indiciada pelo crime de omissão de socorro – artigo 135 do Código Penal, no entanto responderá em liberdade.
As suspeitas serão encaminhadas para audiência de custódia nesta terça-feira, dia 20, na Cadeia Pública de Volta Redonda.