Investimento para reconstrução do trecho vai custar R$ 200 milhões, afirma CEO do Porto Seco de Varginha
O prefeito de Angra do Reis, Fernando Jordão e diretores da TPAR (Terminal Portuário de Angra dos Reis) se reuniram nesta terça-feira, dia 8, com o prefeito de Varginha Vérdi Melo e o empresário Cléber Marques (Porto Seco Sul de Minas) para tratar da reativação da ferrovia que liga Varginha X Barra Mansa X Angra dos Reis. O projeto é considerado ousado e, caso saia do papel, vai beneficiar não somente Angra dos Reis e Varginha mas os Estados de Minas e do Rio através do aquecimento da economia.
Empresários do ramo do comércio do café, transporte, logística e outros investidores de Minas Gerais também estiveram no encontro realizado no na sede do Porto Seco Sul de Minas, em Varginha.
Jordão conheceu a estrutura da empresa e lembrou que o Ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas, assumiu o compromisso com Angra de, ao invés de devolver o recurso para a União, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) recupere o trecho da ferrovia entre Angra e Barra Mansa, viabilizando o escoamento de carga do Porto Seco.
– Meu pai sempre falava: quando o porto vai bem, a cidade vai bem. O nosso porto é estratégico, ele está localizado no meio do caminho entre Rio e São Paulo e em frente à Bacia de Santos, com a menor distância para o continente. Nós estamos felizes com este casamento entre Minas e Angra – frisou o prefeito de Angra.
Um dos que mais apostam no projeto, o prefeito de Varginha, Vérdi Lúcio, acredita no potencial da operação. “Acreditamos que a médio prazo teremos resultados positivos”, disse Vérdi que colocou o secretário de Governo Honorinho Ottoni à disposição para acompanhar de perto as negociações e disse que a prefeitura de Varginha estará presente promovendo articulações junto aos governos Estadual e Federal para que o projeto saia do papel e beneficie a população.
Conheça o Terminal Portuário de Angra dos Reis
Reconstrução do Ramal Angra x Barra Mansa vai custar R$ 200 milhões, diz CEO
O futuro da exportação de café do Sul de Minas pelo Terminal Portuário de Angra dos Reis (TPAR) depende de um projeto do início do século passado. O trecho da linha férrea que liga Angra à Barra Mansa, que começou a ser construído em 1929 e transformou o porto da cidade litorânea em uma das bases de sustentação da economia local, volta a ser o centro das atenções quase um século após o início de suas obras.
O trecho de 105 km entre as cidades do litoral e do Sul Fluminense está inoperante desde as fortes chuvas de 2010, que destruíram parte de sua estrutura, e foi abandonado pela VLI, empresa arrendatária da ferrovia. Segundo Cléber Marques, CEO do Porto Seco Sul de Minas, interessado na exportação de café e outros insumos agrícolas pelo TPAR, as obras de reconstrução vão custar algo em torno de R$ 200 milhões, mesmo valor de uma multa contratual entre a VLI e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
– Ela (VLI) pagar a multa ou reativar a ferrovia é o mesmo valor. O problema é que quando ela decide pela multa, o valor vai para um caixa único que acaba sendo usado para diversas obras. Mas este é um patrimônio nacional que precisa ser revitalizado -, disse Marques.
Trabalhando há mais de 20 anos com logística de armazenagem, a Porto Seco Sul de Minas se transformou em uma gigantesca estação aduaneira com faturamento anual de R$ 14 bilhões. Responsável por 30% das exportações brasileiras de café, a empresa movimenta cerca de 200 mil contêineres (ou equivalentes) por ano em cargas de importação e exportação pelo Porto de Santos por transporte rodoviário, a um custo unitário médio de R$ 3,4 mil. Com o transporte sendo realizado pela ferrovia até Angra, o valor do transporte seria inferior a R$ 2 mil por contêiner ou equivalente de carga, uma redução de custo bastante significativa.
A estimativa é que o número de contêineres que passa anualmente pelo Porto Sul de Minas possa dobrar com a reativação da linha férrea, melhorando a logística de importação de outras cargas para o Triângulo Mineiro e Goiás, como adubos, fertilizantes, equipamentos e máquinas agrícolas, via Porto de Angra.
– Queremos nos tornar o porto de Minas Gerais para o agrobusiness -, completou Marques.
Caso decida recuperar o trecho Angra x Barra Mansa antes de devolver a ferrovia à ANTT, a VLI terá até três anos para executar as obras.
Fonte: Associação Brasileira da Indústria Ferroviária