Por Luciano Ribeiro.
Numa caverna, prisioneiros foram mantidos desde o seu nascimento. Acorrentados eles podiam ver somente a parede paralela à sua frente, onde havia sombras criadas por uma fogueira num fosso anterior aos prisioneiros. Pessoas passavam com estatuetas e faziam gestos na fogueira para projetar as sombras na parede frontal aos prisioneiros e eles pensavam que existia apenas aquelas sombras, pois o seu mundo resumia-se àquela realidade. Certo dia, um dos prisioneiros consegue se libertar e começa a explorar o interior da caverna, descobrindo que as sombras que ele sempre via, eram na verdade controladas por pessoas atrás da fogueira. O homem livre sai da caverna e encontra uma realidade muito mais ampla e complexa do que a que ele julgava haver quando ainda estava preso. No início, o homem sente um incômodo muito forte com a luz solar incomodando sua visão habituada ao escuro. Após algum tempo, o homem consegue enxergar e percebe que a realidade do mundo não era a qual ele estava acostumado. Tomou de retornar para a caverna e correr o risco de ser julgado como louco por seus companheiros ou desbravar aquele novo mundo, o homem aprende que o que ele julgava conhecer antes, era fruto enganoso de seus sentidos que são limitados.
A narrativa demonstra que o homem que está preso numa caverna acredita que existe apenas aquela realidade, pois vive no mundo das sombras. As pessoas que manipulam os prisioneiros projetando as sombras na parede, pensando que obterão benefícios, são as que iludem e controlam o povo. Em determinado momento um prisioneiro sai da caverna em busca da luz. A luz ofusca seus olhos até que percebe haver outro mundo. O mundo real. Ao voltar para a caverna, na tentativa de libertar os outros homens, sentiu resistência por parte deles.
O mito é uma metáfora do homem que sai em busca de conhecimento e quando obtém, tenta levá-lo para outras pessoas quando ele percebeu haver outra realidade, mas nem todos aceitam as novas ideias, pois, toda mudança, sofre resistência. Muitas vezes nosso pensamento molda a nossa própria caverna. Criamos situações, damos sentimentos, desenvolvemos emoções e vivemos aquela ideia como se fosse real, mas que existe apenas na nossa mente. Isso cria obstáculos psicológicos que não condiz com a realidade, mas que dificulta a realidade vivida porque acreditamos que nossas ideias sejam únicas e verdadeiras. Isso se dá no campo pessoal, profissional, religioso, nos posicionamentos políticos em todas as situações da vida. É preciso ter força e coragem para sair da nossa caverna em busca da luz, que é a única que nos liberta da ignorância.
O mito foi escrito em forma de diálogo e consta no livro VII da obra A República, uma homenagem de Platão ao seu mestre, Sócrates.
Luciano Ribeiro é formado em filosofia e pesquisador
Qualquer semelhança com nossa realidade atual, não é mera coincidência!!!
Parabéns meu amigo Luciano Ribeiro pelo belo trabalho! 👏🏽👏🏽
Ótimo, necessitamos ter uma mente aberta e sempre questionar todo que nos vem pronto, pois o que muitos querem é que continuemos dentro da caverna.
Abraços…. Luciano.
Parabéns, bastante interessante essa história
De fato é preciso coragem pra sair da caverna. No contemporâneo talvez seja um alude a sair da zona de conforto. Muito bom ler seus artigos, são instigantes e reflexivos
Excelente artigo, onde é possível, infelizmente, traçar um paralelo com a atualidade, onde a caverna se traduz às redes sociais, onde as pessoas estão presas a uma realidade irreal, uma realidade irreal? poderia existir ? na cabeça do consumidor de médio das redes sociais o mundo perfeito oferecido por “influenciadores digitais é real e alcançável “, mas tudo isso que oferecem não é real, há empresas por trás de todo o glamour mostrado, gerenciando cada passo, cada postagem e inclusive horário de postagem para alcançar o “engajamento perfeito” . Eu espero que essa dependência de redes sociais que causam um emburre cimento crônico da população, sobretudo os mais jovens, seja apenas uma fase, e que em um futuro próximo, as pessoas possam se libertar de sua caverna e ver o mundo como ele realmente é. E ironicamente, o mito da caverna está mais real do que nunca nos dias atuais.