Ex-assessor do deputado Renato Zaca (PL), Fábio Mathias Bullos, que foi preso em 2020 acusado de integrar uma quadrilha que extorquia comerciantes da Baixada Fluminense é um dos que aparecem na folha de pagamento secreta da Fundação Centro de Estudos e Pesquisa do Estado (Ceperj) entre os quais parentes e assessores de políticos. Bullos tambem teve um cargo comissionado no Instituto de Pesos e Medidas (Ipem). Ao todo, funcionários do Ceperj sacaram mais de R$ 220 milhões em espécie em caixas eletrônicos.
Ao todo, Fábio Bullos efetuou 13 saques entre janeiro e julho deste ano, totalizando R$ 69 mil. As nomeações são alvo de uma investigação do Ministério Público. Com Bullos, ao todo, 27.665 pessoas físicas foram favorecidas este ano em 91.788 ordens bancárias de pagamento. Há casos de saques de R$ 24,5 mil em um único dia. Em meio ao escândalo, na última quinta-feira, o presidente do Ceperj, Gabriel Lopes, pediu exoneração após a Justiça do Rio ter determinado que o governo pare de remunerar os contratados pelo Ceperj na boca do caixa, com ordem bancária, ou por meio de recibo de pagamento autônomo (RPA).
O episódio que terminou com a prisão de Bullos ocorreu em setembro de 2020, em uma operação na qual a polícia civil cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de oito ex-servidores do Ipem. Os funcionários públicos se passavam por policiais civis para cobrar propina de comerciantes. Na época, Bullos tinha um cargo comissionado no Ipem. Após a prisão, ele foi exonerado.
O EXTRA não conseguiu localizar o ex-assessor nem os advogados. No site do Tribunal de Justiça, ele aparece como réu, denunciado pelo Ministério Público em dois processos criminais. Um deles corre na 1ª Vara Criminal de Nova Iguaçu em que responde por extorsão. O segundo processo, por peculato (crime cometido por servidor que, em razão do cargo,e se apropria ou desvia um bem público, em benefício próprio ou de terceiro), tramita na 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias.
Procurada, a Fundação Ceperj não explicou que atividades Bullos executava na instituição. O deputado Renato Zaca negou que tenha indicado o ex-assessor para qualquer cargo no Ceperj:
— Conheci o Fábio fazendo coordenação da militância da campanha de 2018. Quando assumi o mandato, o convidei para trabalhar comigo porque precisava de uma pessoa para intermediar contatos com lideranças de diversos municípios. Foi meu assessor até junho de 2020, quando pediu exoneração — disse Zaca.
Fonte: Jornal Extra