Delegado de Paraty fala com exclusividade ao Folha do Interior sobre o crime que abalou a famosa Vila de Trindade, na Costa Verde do Estado do Rio; Josiel foi enterrado neste sábado no Cemitério de Paraty; clima de revolta e comoção tomou conta de amigos e parentes
O delegado da 167ª DP de Paraty, Márcio Figueroa, aguarda apenas a alta médica para colocar atrás das grades, um homem de 31 anos, apontado como o principal suspeito da morte de Josiel Lopes de Oliveira, o Bieca, de 49 anos, na última quinta-feira, dia 27, na Vila de Trindade, em Paraty, na Costa Verde do Estado do Rio. Em entrevista exclusiva ao jornal Folha do Interior, neste sábado, dia 29, o delegado afirmou que já enviou à Justiça de Paraty o pedido de conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva, o que pode garantir que o rapaz de São `Paulo permaneça preso. Ele está internado e preso em flagrante num leito do Hospital Hugo Miranda sob custódia da Polícia Militar.
“A Justiça foi comunicada e a polícia pediu a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. Como foi flagrante, a polícia tem 10 dias, a contar da prisão, para remeter os autos à Justiça e ao Ministério Público”, disse o delegado, afirmando que o material já foi enviado ao juiz criminal e ao promotor.
O jornal Folha do Interior teve acesso, com exclusividade, ao depoimento do filho de Josiel, Leonardo do Carmo, de 24 anos. Ele detalhou na 167ª DP as ameaças do principal suspeito à sua família e de como o turista paulista da cidade de Itapetininga (SP) teria deferido os golpes que tiraram a vida de seu pai. Leonardo contou que estava em sua casa quando escutou uma discussão entre seu pai e um rapaz dizendo que era de uma “gangue de motoqueiros” e que iria voltar mais tarde. De acordo com o filho da vítima, 40 minutos depois ouviu nova discussão, sua mãe gritando e uma voz dizendo: “eu não falei que iria voltar aqui para pegar vocês”. Neste momento, segundo Leonardo, seu pai teria pedido para o rapaz se retirar, mas ele não concordou e deferiu uma facada no ouvido (pescoço) de Josiel, em seguida, mais duas facadas, até ser contido por pessoas que estavam próximas. O suspeito fugiu em direção à praia.
O delegado explicou ao Folha do Interior que, tecnicamente, o turista de São Paulo ainda é suspeito, mas que a polícia não tem dúvidas quanto a autoria do crime. “Por isso, ele foi preso em flagrante, mas somente a Justiça poderá decretar a prisão preventiva e sua provável condenação”, destacou o policial.
“Eu não falei que iria voltar aqui para pegar vocês”
As investigações da 167ª DP apontam que Bieca foi morto por motivo fútil e esta é uma das acusações que o delegado usou para denunciar turista de São Paulo à Vara Criminal de Paraty, pedindo sua prisão preventiva. O suspeito está no Hospital Hugo Miranda sob custódia da Polícia Militar. No dia do crime, o turista paulista (suspeito do crime) estaria alcoolizado, conforme havia apontado as primeiras investigações sobre o caso. A discussão teria sido motivada porque Josiel Bieca havia chamado a atenção do turista na frente de outras pessoas, o que teria irritado o paulista. O rapaz teria invadido a pousada para retirar um adesivo de um clube de motociclismo e Josiel teria pedido para ele ir embora. Segundo a polícia, o homem estava sozinho. O suspeito é empresário e sócio de quatro empresas na região de Itapetininga, em São Paulo.
SUSPEITO – Depois de atingir Bieca, o principal suspeito do crime tentou correr em direção à praia e, em seguida, até a pousada Veramar, onde estava hospedado, mas foi contido por várias pessoas e espancado. Ele foi encontrado desacordado e ensanguentado na Rua Pastor Esonir, próximo ao n° 48. Com a chegada da Polícia Militar e do SAMU, o suspeito do crime foi levado para o Hospital. Na saída de Trindade, a ambulância do SAMU chegou a ser a ataca com pedras e pedaços de pau e teve quer ser escoltada por policiais da Companhia Independente de Polícia Militar de Paraty até o hospital. “Vamos ouvir novamente a esposa e o filho da vítima para esclarecer maiores detalhes. Ambos estavam muito nervosos no dia dos fatos quando foram ouvidos. Também buscamos outras testemunhas para identificar os moradores que lincharam o preso”, disse o delegado Márcio Figueroa.
Filha de Josiel deixa mensagem emocionante na sua rede social
Pai, marido, avô. Bieca era um homem de vida simples, dedicado à família e aos negócios. Ao mesmo tempo que adorava pescar e navegar, sempre estava à frente dos negócios, um restaurante e uma pousada na beira da praia. O estilo de vida ganhava ainda mais brilho, quando ele resolvia assumir a cozinha do restaurante. “Era cozinheiro de mão cheia. Cozinhava por amor”, disse um amigo próximo ao Jornal Folha do Interior. Bieca foi enterrado neste sábado, dia 29, no Cemitério Municipal de Paraty. O clima era de revolta e comoção tomou conta da Vila de Trindade.
Sua filha, Jéssica Oliveira deixou uma mensagem em homenagem ao pai nas redes sociais. “Eu queria ter palavras pra escrever algo bonito, mas nessa hora me faltam palavras. A única coisa que me vem em mente e OBRIGADA, obrigada por ter sido o melhor pai e avô do mundo. Obrigada por tudo que me ensinou, obrigada por sempre estar do meu lado e nunca me desamparar. Obrigada por todo amor que me deu e deu pra Sofia! Obrigada, apenas obrigada pai. Te amo hoje, amanhã e sempre!! Você pra sempre vai ser o meu grande amor, meu herói e a pessoa mais importante dessa vida pra mim. Sempre que me perguntarem de quem eu sou filha, vou abrir a minha boca e falar com orgulho, sou filha do Josiel Lopes de Oliveira, mais conhecido como Bieca. Descansa em paz pai! Vou continuar seu legado aqui! Que deus te receba de braços abertos, olha por nós aí em cima. E te prometo de todo meu coração, vou te dar orgulho, vou me formar, cuidar muito da Sofia, da minha mãe e dos meus irmãos. O seu restaurante vai fazer história e vou te homenagear pra sempre! TE AMO POR TODA A MINHA VIDA”, escreveu.
Nota da Redação – O nome do principal suspeito do assassinato de Josiel Bieca não pôde ser divulgado pelo Jornal Folha do Interior por conta da Lei de Abuso de Autoridade. A LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 criou uma série de restrições para divulgação de nome de pessoas envolvidas em crimes.