Descoberta aconteceu durante obras de reparos na tubulação próxima à Igreja da Matriz
Vestígios históricos, incluindo fragmentos de ossos e artefatos de data ainda desconhecida, foram encontrados no centro de Angra dos Reis, na manhã desta segunda-feira, dia 15. A possível descoberta aconteceu durante intervenções da Cedae nas tubulações da Rua General Silvestre Travassos, próxima a Igreja da Matriz. A direção de Patrimônio Histórico e Cultural do município foi acionada para averiguar o material encontrado.
Na escavação para a contenção de vazamento de um cano subterrâneo, a uma profundidade de 83 cm, foram encontrados fragmentos de ossos, dentes, azulejos, louças pintadas e brancas, potes de argila e carvão.
O secretário de Cultura e Patrimônio de Angra, Andrei Lara, comentou a descoberta. “Gostaria de agradecer os profissionais da Cedae, que tiveram a sensibilidade de contatarem de imediato a Secretaria de Cultura e Patrimônio. Nossa Diretora de Patrimônio Histórico e Cultural, Luciana Praça, veio até o local e reuniu, com todo o cuidado e protocolo necessário, os materiais e os colocou em caixas apropriadas. É uma grande descoberta para a terceira cidade mais antiga do país, com 502 anos de fundação”.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já foi procurado pela equipe da Secretaria de Cultura e Patrimônio e enviará especialistas a Angra dos Reis para dar início às pesquisas sobre os achados. Segundo o secretário, a rua precisará ficar fechada enquanto as escavações continuarem.
Luciana Praça, diretora de Patrimônio Histórico e Cultural de Angra, falou sobre os artefatos encontrados. “Precisamos continuar com a escavação para, possivelmente, encontrarmos mais partes do esqueleto. Antigamente, muitas pessoas pobres ou escravizadas eram sepultadas ao lado ou em frente às igrejas, locais chamados de adros. Somente depois de muito tempo, foram criadas leis que proibissem essas práticas, a partir de estudos de saúde pública. Era algo comum até o século XIX. A falta de vagas em cemitérios é um problema antigo no país”.
A areia recolhida na escavação será peneirada para que os profissionais possam procurar mais resquícios de artefatos e ossos. Ainda segundo a historiadora, também era comum enterrar junto aos corpos peças de cerâmica e louças. Para ela, os azulejos encontrados podem ser de alguma obra antiga. “Será feito o recolhimento completo do achado arqueológico que ficará aqui em Angra dos Reis, para ser exposto futuramente no Museu de Arte Sacra. Mas, primeiramente, virão um arqueólogo e um bioarqueólogo do Iphan para analisarem a ossada e, possivelmente, conseguirem a definição do sexo, idade, etnia e outras informações sobre o ser humano o qual possuía as ossadas. Por enquanto, o material ficará guardado para estudo. A gente vai tentar dar voz a quem não pode falar. Esse é o objetivo”, finalizou Luciana.